segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Miguxês

Pessoal, usarei o blog para introduzir um assunto que discutiremos amanhã. Leiam, e levem-no para a aula. Nada melhor do que um blog para falar sobre blogs! Legal!

O texto abaixo é de Sírio Possenti, um grande professor doutor do Departamento de Linguística do Instituto de estudos da Linguagem, da Unicamp, de onde venho. Ele escreve para a Terramagazine, e o texto abaixo eu tirei de lá!

Quinta, 14 de agosto de 2008, 07h57 Atualizada às 20h04

Miguxês

Sírio Possenti
De Campinas (SP)

A revista ISTOÉ/2023, de 13/08/2008, publicou matéria até simpática sobre o Miguxês, uma escrita típica de blogs e chats, que não se confunde com o internetês. Um pouco estranho é o título da matéria, "Você sabe falar miguxês", porque miguxês não se fala, só se escreve (mas essa confusão nunca vai acabar). Em compensação, o título é bem adequado, embora em outro sentido, porque está escrito mesmo em miguxês: "vuXxe sAbE falAH miguXexX?!".

Como sempre, há reclamações de adultos, porque não conseguem entender nada do que seus filhos adolescentes escrevem, o que os filhos devem achar ótimo, porque não querem mesmo que seus pais bisbilhotem suas mensagens ou seus bate-papos com amiguinhos/as. A matéria também cita o caso de uma jovem que abandonou o miguxês (Hoje, tô fora dessa bobagem, ela declara) depois de tirar uma nota baixa numa prova por ter levado a tal escrita para a escola. Cá pra nós, em vez de abandonar essa bobagem (o que tem o direito de fazer, claro, afinal, já tem 16 anos, informa a reportagem!!!), podia apenas ter abandonado o comportamento automatizado de bicho de circo, que a levou a escrever na escola como se estivesse num chat. E tudo indica que ela tem competência para não fazer essa confusão.

Na média, o tom da matéria não é escandaloso nem denuncia a destruição dos valores ou de nossa língua pátria por esses jovens irresponsáveis. No pé da página, há até uma descrição razoável do "socioleto" (sim, é essa a classificação do mixuguês na Wikipédia, o que, a meu ver, depõe contra essa "instituição", porque se trata apenas de uma variante ortográfica, como é a escrita dos pequenos classificados). Por exemplo: os acentos agudos e circunflexos são substituídos pela letra H no final da palavra e o til pelas letras N/M. Ex: Será (Serah), não (Naum); A letra O vira U. O dígrafo QU e a letra C viram K: Ex: Quero (Keru) etc.

Deve haver alguma imprecisão nessa descrição. Por exemplo, acho que não é verdade que O vira U. Isso deve acontecer apenas se o O é átono. O que importa é que o miguxês é tratado apenas como moda, como código secreto de um grupo etc. Nada perigoso...

Talvez a matéria pudesse até ser mais crítica, ir mais fundo, não para condenar a escrita como escrita, mas para destacar seu lado Xuxa, digamos assim. É que, de fato, essa grafia produz um efeito de infantilização dos usuários. Mas, na verdade, não tenho a mínima idéia sobre a melhor opção, dado o seguinte dilema: é melhor que a TV e quejandos produzam menininhas com caras e roupas de misses ou adolescentes com jeitos e "sentimentos" de crianças?

PS - Descobri - não tinha a menor idéia disso - que miguxês tem a ver com miguxo, um diminutivo afetivo de amigo (amigo > amiguxo > miguxo). Em minha total ignorância sobre o tema, achava que o rótulo tivesse vaga origem oriental, vejam só...

Leia o texto na íntegra: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3088857-EI8425,00-Miguxes.html

4 comentários:

  1. Ha, ha, ha......

    No meu tempo, a "criptografia" verbal era a "língua do Pê".

    Ou então, descer uma linha no teclado e subir a última: o Q era A, W era S, E era D, Z era Q, X era W e por aí vai....

    Mas o uso do H e N/M no passado era motivado pela falta de acentos em alguns equipamentos de telecomunicação, que eram importados de países onde a grafia não previa o seu uso e, por consequência, os fabricantes não incorporavam em seus teclados.

    Mas o interessante é que temos uma forma de escrever muito diferente da forma de falar o nosso idioma.

    Acho que a reforma ortográfica foi muito branda. Mantivemos o X e S com som de Z. Ainda temos que estudar o uso do J e G, SS e Ç, entre outros, o que consome muito tempo em sala de aula e muitos continuarão a depender de corretores ortográficos de sistemas informatizados.

    Abraços

    Diego Campos

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  2. Eu axo q a grafia e o portugues estavam bons antes mesmo dessa reforma ortografica, pois ao invés de simplicar, complicou(como no caso do hifen) e nao unificou, jah q mtas palavras tem duas formas ou acentos facultativos. Q perda de tempo!!

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  3. Marcuuuus!!!

    Em minha opinião, a linguagem usada pelos adolescentes na internet não interfere no rendimento escolar, no entanto o aluno deve saber usá-la no lugar certo, por exemplo, na internet, conversando com os amigos, não há problema de usar uma linguagem informal, já na escola, ele deve usar uma linguagem mais formal.

    Bjoooos!!!

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  4. Eu escrevo com giria de internet...mas isso não me afeta na escola porque ao contrario do pc na escrita a mao eu nao preciso( e não tenho) como agilizar a escrita...por exemplo no teclado a palavra VC é muito mais rapido( e perto) que Você... ja na escrita, não tem uma letra perto da outra....

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