domingo, 7 de fevereiro de 2010

Mono Carvoeiros

Galerinha, pra quem se interessou pelos macaquinhos falantes, aqui posto a reportagem completa sobre a pesquisa. Deem uma olhadinha!

Bjocas!

Ciência
Macacos quase falantes
Típicos da Mata Atlântica, os muriquis têm uma forma de comunicação singular
© Miguel Boyayan
Representante de uma sociedade regida pela amizade: sem brigas

Louise é uma das muriquis mais agitadas na pequena reserva próxima à cidade de Caratinga, no Vale do Rio Doce, região leste de Minas Gerais. Rosto rosado, nariz pequeno e cílios destacados, como se tivesse recebido maquiagem, é a que mantém mais encontros amorosos com todos os macacos adultos do grupo. Cutlip, reconhecido pela cicatriz no lábio que lhe valeu o nome, até morrer, no ano passado, era um dos pólos de atenção do bando, freqüentemente procurado pelos companheiros para ganhar abraços, em constantes demonstrações de amizade.

Alguns anos atrás, a peculiar organização social dos muriquis (Brachyteles arachnoides ) surpreendeu os próprios pesquisadores. Encontrados há décadas do sul da Bahia ao Paraná, mas hoje ilhados em remanescentes de Mata Atlântica de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, esses macacos com até 1,5 metro de comprimento, incluindo a cauda - também chamados de mono-carvoeiros por causa do rosto todo preto, semelhante ao das pessoas que trabalham com carvão -, formam comunidades que funcionam com base na fraternidade e no amor livre.

Não apenas Louise, mas qualquer outra fêmea do grupo, até mesmo Cher, mais discreta e isolada, cruzam com todos os machos adultos com que vivem - normalmente, um terço dos grupos, que têm de 15 a 50 indivíduos. Quando entram no cio, soltam trinados, algo como umtitititi , ou ainda guinchos e assobios agudos, umsííííí , com os quais chamam os machos, que ficam por perto esperando a vez. Não há brigas nem disputas. Os muriquis, os maiores macacos das Américas, conseguiram criar uma hierarquia regida pelo afeto. No centro do grupo não estão os mais fortes, mas os mais queridos, que se destacam porque são os que mais ganham abraços dos companheiros, como Cutlip ou Irv, reconhecido pelas manchas em forma de cruz no nariz.

Agora, as descobertas sobre a linguagem dos muriquis são ainda mais impressionantes. Quando se locomovem pela mata, escondendo-se entre as folhagens das árvores à medida que se afastam uns dos outros, esses macacos se comunicam de um modo que ainda não foi encontrado em nenhuma outra espécie de primata. Recombinam 14 elementos sonoros, que se aproximam devogais ou consoantes da linguagem humana, e produzem uma ricavariedade de chamados - mais longos ou mais curtos, mais agudos ou graves -, num processo semelhante ao que usamos para formar as palavras. Tamanha é a reorganização dos sons que se tem a impressão de que os muriquis até procuram ser inventivos: quando engatam uma conversa, um raramente repete o que outro já disse.

Eleonora Cavalcante Albano, pesquisadora do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), assegura: esses sons dos muriquis, descritos pela primeira vez, formam uma linguagem natural com um sentido social claro, por ajudar a manter a coesão do grupo. Só perde para a nossa porque, possivelmente, não é simbólica. "É uma linguagem que indica os objetos do mundo, mas ainda não se sabe se os representa", diz ela. Numa situação hipotética, um muriqui consegue avisar a outro muriqui que uma árvore está carregada de frutas apenas se estiver diante de uma delas, mas não tem como contar da árvore em que estivera no dia anterior, nem emitir um som específico para cada tipo de árvore que conhece.

No vocabulário e nas recombinações de sons, porém, os muriquis são imbatíveis diante de outras espécies de primatas brasileiros, entre elas o macaco-prego, o sagüi-leãozinho e os micos-leões, que contam com uma comunicação vocal reconhecidamente complexa. A capacidade dos muriquis em recombinar sons é também maior que a de outras duas espécies conhecidas pela barulheira que fazem, o chimpanzé africano e o gibão das florestas da Indonésia e da Malásia.

4 comentários:

  1. marcus, que saudades das suas aulas!!!!
    leva o violão um dia pra toca na hora da saida pra galera?eu ja escrevi duas musicas, sabia?
    bjao
    fer favaro

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  2. marcus, ve se vc consegue postar + coisa no blog como vc fazia no ano passado, eu sempre entro pra ver se vc coloca alguma noticia interessante ou um video bacana.
    A Ana Lígia q da aula de gramatica pra gente eh mto legal, mas eu sinto muita falta das suas aulas.
    Bjo,
    Fer Menten

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  3. Oi Fer!
    Desculpe, mas ainda não me organizei esse ano, por isso não postei tantas coisas. Mas calma que, assim que conseguir me arrumar aqui, voltarei à atividade!
    Bjos, e saudades!

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  4. Olá Professor Marcus e alunos

    Gostaria de esclarecer a todos o assunto Diego Campos.

    Na verdade não existe o Diego Campos.
    Utilizei este fake para poder expor minhas ideas sem prejudicar a minha filha, que foi aluna do Colégio Leonardo.

    Tenho 46 anos e sou policial militar aposentado, pois comecei a trabalhar com 15 anos de idade, o que, após 30 dias, me garantiu a aposentadoria. Pode parecer cedo para isto, mas vi muitos colegas serem mortos em confronto com marginais e suas famílias desesperadas. Quando conquistei o direito de aposentar, não poderia abrir mão disso.

    Mas foi muito interessante conversar com o Professor Marcus, o que tem o meu respeito. Igualmente interessante foi ler as manifestações agressivas de alguns alunos. Entendo que a idade foi um fator decisivo para tal comportamento, porém me questiono sobre o que se tornou o relacionamento professo e aluno.

    Como já comentei, quando cursei o ensino fundamental, antigo ginásio, havia professor que ficava parado na porta, aguardando que todos se calassem e ficassem em pé, em posição de respeito. E entenda que era escola pública estadual, em 1977 !!!!

    Hoje, vejo vocês se referindo aos professores como "fessor" ou mesmo "sor". Não sei até que ponto esta intimidade, que soa às vezes como desrespeito (não endenta falta de educação) ou desconsideração em relação a sua autoridade, é benéfica. A aproximação é interessante, mas sempre deve ser respeitosa.

    Na escola militar, tratamos todos os professores civis, por "mestre", mesmo aqueles poucos que não tinham o mestrado como graduação real.

    Hoje quando os encontramos em restaurantes, shoppings, etc, ainda os tratamos como mestres. Para alguns, cabe o respeito de até beijá-los no rosto, como os meninos fazem com seu pai. É algo como uma eterna gratidão pelo seu trabalho em nos ensinar, principalmente como se comportar e amadurecer mais rápido.

    Sei que vocês tem o mesmo sentimento pelos "sores", mas a proximidade às vezes é confundida com liberdade em excesso, o que peca pela diminuição do respeito. Infelizmente alguns alunos fazem esta confusão.

    Mas quando me lembro de meus mestres, sempre é com profundo respeito pelo que representaram em nossa vida acadêmica. E este respeito gera a necessária distância, sem quebrar qualquer vínculo de amizade e carinho.

    Espero que tenha conseguido me expressar claramente.

    Agora, será que o Diego Campos motivava a participação mais assídua de todos no blog do Professor Marcus ?

    Sucesso a todos.

    Mário Sérgio

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